Publicado no DOU em 10 ago 2009
Dispõe sobre o plano de recuperação e revoga a Resolução da Diretoria Colegiada - RDC nº 22, de 30 de maio de 2000.
A Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Saúde Suplementar - ANS, no uso das atribuições que lhe confere o inciso III do art. 9º do Regulamento aprovado pelo Decreto nº 3327, de 5 de janeiro de 2000, em vista do que dispõe o art. 24 da Lei nº 9.656, de 3 de junho de 1998 e os incisos XXIX e XLI alínea e do art. 4º da Lei nº 9.961, de 28 de janeiro de 2000, em reunião realizada no dia 6 de agosto de 2009, adotou a seguinte Resolução Normativa e eu, Diretor-Presidente, determino sua publicação.
Art. 1º Detectadas anormalidades econômico-financeiras, a Diretoria de Normas e Habilitação das Operadoras - DIOPE informará a Operadora e concederá prazo mínimo de 30 (trinta) dias para que ela apresente e documente as soluções implementadas para as anormalidades apontadas.
Art. 2º A critério da Operadora poderá ser apresentado plano de recuperação como forma de solucionar as anormalidades econômico-financeiras apontadas pela DIOPE.
Parágrafo único. O prazo máximo para a apresentação do plano de recuperação será de trinta dias, a contar da data do recebimento do ofício da DIOPE, podendo ser prorrogado por mais trinta dias, a pedido justificado da Operadora, por decisão motivada do Diretor da DIOPE.
Art. 3º O plano de recuperação deverá conter projeção, mês a mês, de sobras de caixa operacionais, de alienação de ativos não operacionais e/ou de aporte de recursos próprios que equacionem a anormalidade econômico-financeira detectada pela DIOPE.
§ 1º O período de vigência do plano de recuperação será de:
I - até doze meses, para as operadoras com número de beneficiários superior a cem mil;
II - até dezoito meses, para as operadoras com número de beneficiários entre vinte mil e cem mil;
III - até vinte e quatro meses, para as operadoras com número de beneficiários inferior a vinte mil.
§ 2º O período de vigência do plano de recuperação poderá ser estendido por período adicional de até doze meses, a pedido justificado da operadora, desde que sejam observados os seguintes critérios mínimos:
I - inexistência de distribuição, sob qualquer forma, de lucros ou sobras durante todo o período de vigência do plano de recuperação;
II - não haja aumento das despesas administrativas em relação às contraprestações líquidas durante todo o período de vigência do plano de recuperação;
III - o Documento de Informações Periódicas - DIOPS seja objeto de revisão limitada de auditoria independente; e
IV - o pedido justificado de extensão do plano de recuperação seja previamente ratificado por Conselho Fiscal independente e, no caso das operadoras regidas por estatuto, ratificado em Assembléia.
§ 3º A projeção deverá observar integralmente o modelo de Demonstrativo de Fluxos de Caixa previsto na RN nº 173, de 10 de julho de 2008, e alterações posteriores.
Art. 4º O plano de recuperação sujeitar-se-á à análise e manifestação do Diretor de Normas e Habilitação das Operadoras.
§ 1º A manifestação poderá resultar em:
I - rejeição do plano de recuperação; ou
II - aprovação do plano de recuperação.
§ 2º A decisão, devidamente fundamentada, será comunicada por Ofício da DIOPE endereçado à Operadora.
Art. 5º A DIOPE poderá solicitar o fornecimento de quaisquer outros documentos e/ou esclarecimentos sempre que entender necessários à análise do plano de recuperação apresentado.
Parágrafo único. A operadora deverá apresentar os documentos e/ou esclarecimentos em prazo máximo de 30 (trinta) dias a contar do recebimento da solicitação prevista no caput deste artigo.
Art. 6º O plano de recuperação será rejeitado ou, caso aprovado, considerado não cumprido sempre que:
I - após a apresentação do plano de recuperação, ocorrer deterioração no quadro de desequilíbrio econômico-financeiro detectado pela ANS;
II - durante a vigência proposta para o plano de recuperação, não for cumprida por 3 (três) meses consecutivos a projeção de que trata o art. 2º;
III - ao final da vigência do plano de recuperação, persistir qualquer das anormalidades econômico-financeiras apontadas; ou
IV - a operadora não estiver em dia com o envio dos documentos de que tratam a RN º 173, de 10 de julho de 2008, a RN Nº 184, de 22 de dezembro de 2008, a Instrução Normativa - IN nº 24, de 22 de dezembro de 2008, da DIOPE, e suas alterações posteriores.
Art. 7º A qualquer momento a operadora poderá solicitar o encerramento do plano de recuperação, caso já aprovado, desde que comprovado que a anormalidade econômico-financeira apontada foi sanada e que e a operadora está atendendo integralmente as disposições sobre Garantias Financeiras e sobre Ativos Garantidores previstas nas RNs Nº 159 e 160, de 4 de julho de 2007, e suas alterações posteriores.
§ 1º Na hipótese de a operadora demonstrar, no prazo mencionado no parágrafo único do art. 2º, a cessação das anormalidades econômico-financeiras detectadas a DIOPE extinguirá o processo administrativo e determinará seu arquivamento.
Art. 8º A ANS poderá instaurar o regime especial de direção fiscal, conforme dispõe o art. 24 da Lei Nº 9.656, de 1998, sempre que as anormalidades econômico-financeiras sejam consideradas de natureza grave, conforme referido no art. 2º da RN Nº 52, na ocorrência das seguintes situações:
I - não seja apresentada resposta ao ofício da DIOPE mencionado no art. 1º;
II - o plano de recuperação apresentado não seja aprovado; ou
III - o plano de recuperação aprovado não seja cumprido.
Art. 9º Da decisão proferida pelo Diretor de Normas e Habilitação das Operadoras caberá recurso à Diretoria Colegiada da ANS como instância administrativa máxima.
§ 1º O recurso poderá ser interposto no prazo de dez dias, contados da data em que a intimação da decisão for efetuada, na forma do § 2º do art. 4º desta Resolução, com as razões e, se for o caso, os documentos que o fundamentam.
§ 2º Os recursos são recebidos no efeito devolutivo.
§ 3º Os recursos poderão ser recebidos no efeito devolutivo e suspensivo, por decisão fundamentada do Diretor de Normas e Habilitação das Operadoras, quando não houver grave e premente risco à saúde dos consumidores.
§ 4º Nas hipóteses em que o recurso tiver por fundamento a rejeição do plano de recuperação, na forma do inciso II do art. 8º, a Diretoria Colegiada poderá conceder, por uma única vez, em caráter excepcional, prazo improrrogável de trinta dias para que a operadora reapresente novo plano de recuperação.
Art. 10. As disposições desta Resolução se aplicam aos processos em curso.
Art. 11. Fica revogada a Resolução de Diretoria Colegiada - RDC Nº 22, de 30 de maio de 2000.
Art. 11. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.
FAUSTO PEREIRA DOS SANTOS
Diretor-Presidente