8 set 2010 - Simples Nacional
Bancos já discutem como operar com a nova clientela e a necessidade de proporcionar educação financeira para os tomadores de recursos
Os milhares de brasileiros que estão se formalizando como Empreendedores Individuais (EI) não vão apenas ganhar autoestima e ter direito a benefícios previstos em lei, como aposentadoria. Com o CNPJ, esses empreendedores também passarão a ter maior acesso a serviços financeiros e crédito.
Especialistas reunidos nesta quinta-feira (02) no Fórum de Varejo C4, congresso do setor de cartões e crédito realizado em São Paulo, discutiram como será esse processo, abordando as oportunidades que se abrem para os empreendedores e os bancos, mas também a necessidade de educação financeira desses novo tomadores de recursos. Já existem 500 mil pessoas cadastradas como empreendedores individuais.
O gerente da Unidade de Acesso a Serviços Financeiros do Sebrae em Minas Gerais, Alessandro Chaves, destaca que os potenciais empreendedores individuais (profissionais e prestadores de serviços por conta própria que não podem ter faturamento superior a R$ 36 mil por ano) em boa medida já são clientes dos bancos como pessoas físicas. Com o CNPJ na mão, eles passarão a demandar uma série de outros serviços, como cobrança e cartões empresariais de crédito e débito, entre outros. As instituições financeiras que saírem na frente terão mais chances de ganhar fatias dessa nova clientela.
"Os bancos públicos já oferecem pacotes para o segmento, com isenção ou redução de tarifas, e percebemos que os bancos privados, nacionais e estrangeiros, também estão buscando compreender melhor como funciona o EI e saber como poderão operar com ele", ressalta Chaves. "O empreendedor individual hoje não está organizado, mas boa parte está dentro do sistema financeiro como pessoa física. Se os bancos forem parceiros do Sebrae no trabalho de informar esse público, certamente o número de formalizações crescerá mais rapidamente", ressalta.
Jerônimo Rafael Ramos, superintendente da área de Microcrédito do Santander acredita que a formalização fortalece a relação do banco com o empreendedor e diz que oferecerá a esse público produtos e serviços adequados ao seu perfil. Ramos estima que dos R$ 700 milhões aplicados nos últimos oito anos em microcrédito pelo Santander, que empresta até o limite de R$ 15 mil, com valor médio de R$ 1,3 mil por operação, uma fatia de 4% já é direcionada a clientes que se formalizaram pelo EI, percentual que deve pelo menos dobrar ainda em 2010. "O crescimento tende a ser exponencial. Vamos acompanhar isso, porém sempre associando ao crédito à educação financeira, com a concessão de recursos na dose certa para cada cliente, para que a relação com os empreendedores seja sustentável", acrescenta.
Juliana Paz, da Agência Nacional de Desenvolvimento Empresarial (Ande), braço microfinanceiro da Visão Mundial, ONG que atua em mais de 100 países e no Brasil está presente em sete estados do Nordeste e no norte de Minas Gerais, também destaca a importância da educação financeira. Ela explica que, no trabalho da entidade, junto com o microcrédito vêm serviços não financeiros que são até mais importantes: ajudar o empreendedor a se capacitar, se formalizar, aprender a controlar melhor despesas e receitas e evitar o endividamento excessivo.
Outros pontos importantes na estratégia de concessão de crédito aos empreendedores que saem da informalidade, segundo a professora da USP e representante do Centro de Microfinanças da FGV, Tânia Christopoulos, serão o desenvolvimento de tecnologias de meios de pagamento voltadas para a baixa renda, a expansão adequada da rede de correspondentes (estabelecimentos comerciais autorizados a prestar serviços financeiros para os bancos), capacitação dos empreendedores e a formação de agentes de crédito.
Fonte: Agência Sebrae