15 set 2010 - ICMS, IPI, ISS e Outros
Setembro começou com promoções tão agressivas na venda de veículos que hoje são ofertados vários modelos 2011 de carros zero-quilômetro com preços iguais ou até 5% menores que os praticados no mesmo período do ano passado, quando vigorava o corte parcial do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).
As barganhas, bancadas pelos descontos dados por montadoras, incluem desde os modelos populares até veículos mais sofisticados. O objetivo é escoar os estoques que ainda estão em níveis elevados nas fábricas por causa do ritmo mais acelerado da produção em relação à velocidade das vendas no varejo.
Um Ka 1.0 zero-quilômetro, por exemplo, que em setembro do ano passado custava R$ 25.990, hoje sai por R$ 24.900, com corte de 4,2% no preço. Um Gol Power 1.6, cujo preço era R$ 39.900 em setembro de 2009, atualmente custa R$ 38.400, redução de 3,7%. Os exemplos foram coletados em concessionárias da cidade de São Paulo.
A magnitude da queda dos preços pode parecer pouco significativa, mas ganha importância por dois motivos. O primeiro deles é que a redução ocorre apesar da cobrança do IPI integral, que nos carros populares é de 7%. O segundo motivo é que a inflação oficial nos últimos doze meses (IPCA) foi de 4,49%. Já o preço dos carros subiu, em média, 2,93% na capital paulista em 12 meses até agosto, segundo o Índice de Preços ao Consumidor da Fipe (IPC-Fipe). Isto é, não só não houve repasse da inflação e da alta do imposto, como a partir de setembro as montadoras aumentaram os descontos e já oferecem modelos com preços mais baixos do que há um ano.
"A GM está dando desconto de R$ 2 mil a R$ 2,5 mil, dependendo do modelo", conta Roberto Flávio Sinicio, diretor de Vendas da Palazzo, com cinco lojas GM em São Paulo. Isso ocorre, diz, porque os estoques nas fábricas cresceram. Hoje o estoque nas montadoras está dez dias acima do normal.
Marcos Leite, gerente de vendas da Amazon, revenda Volks com duas lojas em São Paulo, lembra que às vésperas da volta do IPI integral, que passou a valer a partir de abril, muitos clientes correram para comprar carro zero desnecessariamente porque a situação continua favorável ao comprador ou até melhor.
Sem fila. "Hoje a demanda por carro zero está menor que a produção e as indústrias não podem ficar superlotadas", diz Leite. Isso explica o corte de preços apesar da volta do IPI integral. Na época em que o imposto foi reduzido, a procura estava maior que a oferta e havia até fila de espera para compra e agora não.
A Volks, conta o gerente, está dando desconto de R$ 1,5 mil para toda a linha com motor 1.6. Isso provocou queda no preço final ao consumidor. Já para a linha 1.0, que tem maior velocidade de venda, os preços atuais são iguais ao período de corte do IPI. "O momento hoje é de bônus e eles começaram a ser concedidos pelas montadoras de forma mais agressiva na semana passada", afirma Leite.
O cenário é semelhante na Lemar, concessionária Ford com duas lojas em São Paulo. José Roberto Gisondi, diretor da revenda, cita como exemplo o modelo Edge, que custava na época do IPI reduzido R$ 135 mil e hoje sai por R$ 128 mil. "A promoção e os estoques são das montadoras", frisa o diretor. Ele diz que o incentivo dado pelos fabricantes tornou a situação mais favorável ao consumidor, em comparação com a época de redução do IPI.
Além de enxugar os estoques, Gisondi ressalta que a iniciativa da indústria de conceder bônus tem como meta manter a participação num mercado cada dia mais competitivo.
Ele acrescenta outro fator que torna as condições de compra do veículo zero hoje mais favoráveis do que na época do corte do IPI: a facilidade de financiamento. "Na época do IPI reduzido não tinha taxa de juro mensal de 0,99% nem crediário sem juros."
Maré. O motorista de ônibus Sergio Cipriano, de 49 anos, aproveitou a maré favorável das promoções para comprar um carro zero na semana passada. Ele adquiriu um Celta 1.0 Life, modelo 2011, cujo preço à vista é R$ 22.900, exatamente o mesmo valor cobrado em setembro de 2009. "Pesquisei bastante. A diferença de preço entre as lojas é muito grande, mas hoje a situação é favorável para o comprador porque falta procura", diz.
Apesar da queda no preço à vista, ele vai desembolsar uma bolada, pois financiou em 60 meses, com prestação de R$ 618. Ao todo vai gastar R$ 37.080, o equivalente a um carro e meio.
Fonte: Agência Estado