Demissões voluntárias e barateamento de energia provocaram prejuízo na Eletrobrás


15 mai 2014 - Trabalho / Previdência

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O presidente das Centrais Elétricas Brasileiras (Eletrobrás), José da Costa Carvalho Neto, defendeu nesta quarta-feira (14) que a empresa tem priorizado a redução da tarifa de energia elétrica em detrimento de obter lucros.

Ele relatou que, graças a ações tomadas pela Eletrobrás com base na Lei 12.783/13, já foi possível uma redução da tarifa média de luz em cerca de 20%.

O dirigente admitiu que as tarifas brasileiras estão, nos últimos anos, entre as mais caras do mundo, mas previu que, até o ano 2030, “o Brasil passe a apresentar uma das menores tarifas de energia elétrica do mundo”.

No dia 28 de março, a Eletrobrás divulgou seu balanço de 2013 com um prejuízo de R$ 6,3 bilhões. No ano anterior, a empresa já havia acumulado R$ 6,9 bilhões em prejuízos. Segundo Carvalho, os prejuízos foram lançados por causa das negociações com as companhias com concessões vencidas e também por causa de um plano de demissão voluntária promovido no ano passado.

Segundo Carvalho, além da economia com salários, o plano permitiu que a empresa devolvesse uma série de edifícios que tinham que ser alugados devido ao quadro inchado. Até o momento, o programa de demissão voluntária já ocasionou a saída de mais de quatro mil empregados.

O presidente da Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio, deputado Augusto Coutinho (SD-PE), questionou, no entanto, os benefícios reais do programa de demissão voluntária. “O que a gente ouve nos estados são críticas. A Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), por exemplo, está extremamente esvaziada”, relatou.

O presidente da Eletrobrás negou, contudo, que haja esvaziamento da Chesf. Ele explicou também que o plano de desligamento buscava uma melhoria da produtividade e uma redução nos custos e visava aos funcionários que já estavam em condições de se aposentar. “Esperamos chegar a cinco mil quadros [aposentados]”, acrescentou.

Novos projetos
A Eletrobrás conta também com a ampliação e execução de novos projetos para reverter o quadro de prejuízos. “A empresa vai acrescentar à geração do País mais 13 gigawatts entre 2014 e 2018. Boa parte deles em parceria com a iniciativa privada”, relatou Carvalho, destacando a construção de usinas hidrelétricas no rio Madeira e de usinas eólicas nos extremos nordeste e sul do Brasil.

O dirigente informou que, a empresa, também tem ampliado seus investimentos no exterior, especialmente em países africanos, como Angola, o que também ajudará a melhorar os balanços das centrais.

Ele acrescentou que os problemas energéticos brasileiros são momentâneos, enquanto os benefícios propiciados pela política energética nacional serão estruturais. “A estiagem nos obriga a utilizar energia de termelétricas e isso encarece muito a energia, mas é uma situação conjuntural”, explicou.

Termelétrica
Carvalho refutou também que exista uma situação de deficit de energia no País e defendeu a utilização de energia termelétrica. “Se não fosse por elas, estaríamos em situação pior que aquela encontrada em 2001 [durante o período conhecido como apagão]”, disse em resposta a questionamento de Mendonça Filho.

O deputado havia criticado a política energética nacional. Segundo ele, os preços das tarifas energéticas irão explodir em 2015, deixando a conta, segundo ele, “para o sucessor da presidente (da República), Dilma Rousseff”. Mendonça acrescentou que as usinas hidrelétricas estão em níveis ainda mais baixos do que estiveram por ocasião do período de racionamento registrado em 2001.

Concessões vencidas
Questionado pelo deputado Afonso Florence (PT-BA), o presidente defendeu manutenção das concessões vencidas promovida pela empresa com base na Lei 12.783/13. Segundo ele, isso gera economia e estabilidade para o País. “Nós teríamos esses prejuízos da mesma maneira e perderíamos em geração de energia”, explicou.

Florence elogiou as explicações dadas pela Eletrobrás. “Os equívocos do setor elétrico foram cometidos pelos governos paulista e mineiro e não pelo federal”, disse. Dado refutado pelo deputado Alexandre Leite (DEM-SP), que quis saber sobre os investimentos que estão sendo feitos para mitigar a grave estiagem que ameaça desabastecer a região metropolitana de São Paulo.

Carvalho Neto respondeu que, em 81 anos acompanhados, 2014 está entre os três piores já vistos, mas a racionalização do serviço permite que o País enfrente a situação. “Em 2001 sobrava água no Sul e faltava no Nordeste. Agora isso não ocorre mais.” O presidente da Eletrobrás negou ainda que seja necessária uma campanha de racionamento de energia.

Reportagem – Juliano Machado Pires
Edição – Newton Araújo


Fonte: Agência Câmara das Notícias