MTE apresenta balanço do trabalho escravo nos 20 anos de atuação do Grupo Móvel


13 mai 2015 - Trabalho / Previdência

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No dia da Abolição da Escravatura no Brasil, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), em solenidade, celebrou a atuação do Grupo Especial de Fiscalização Móvel (GEFM) de combate ao trabalho análogo ao de escravo e apresentou um balanço das atividades. O Grupo completa 20 anos de atuação neste mês - a primeira operação foi realizada em 15 de maio de 1995.

Desde então, o grupo já resgatou mais de 49 mil trabalhadores que eram mantidos em atividades que remetem ao conceito do chamado trabalho escravo moderno. Foram 1.785 operações em 4.090 estabelecimentos. (Veja quadro abaixo)

Para o ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias, não deveria haver a necessidade do combate ao trabalho escravo, pois, em 1888, o Brasil aboliu a escravatura, mas mesmo assim ainda existem trabalhadores que são submetidos à situação análoga a de escravo. “Essa escravidão que acontece atualmente no Brasil ainda é mais nociva e degradante, porque não se trata só de propriedade pessoal do ser humano, como acontecia na época do Império, mas de uma ação efetiva que submete a pessoa à humilhação, degradação e condição de inferioridade”, afirmou Dias.

O GEFM é integrado por auditores fiscais do Trabalho (AFTs), membros do Ministério Público do Trabalho (MPT), delegados e agentes da Polícia Federal, Policiais Rodoviários Federais, membros da Procuradoria Geral da República e defensores Públicos da União.

Dados – Em 2014, o MTE realizou 170 operações que resgataram um total de 1.674 trabalhadores da situação análoga a de escravo. Esses números são decorrentes das ações de fiscalização das equipes GEFM e também da atuação dos AFTs lotados nas Superintendências Regionais do Trabalho e Emprego (SRTEs) em todo o país.

Para o ministro, os avanços obtidos no combate do trabalho escravo podem ser visto nos números, mas “para que esses trabalhadores não retornem a essa situação é preciso ser oferecido condições de educação e o acesso a qualificação profissional”.

Lista Suja – Sobre a divulgação do Cadastro de Empregadores autuados por exploração do trabalho escravo, Manoel Dias afirmou que quanto à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que concedeu liminar suspendendo a publicação, o MTE já tomou as iniciativas necessárias para a resolução. “A Advocacia Geral da União (AGU) encaminhará ao Supremo o pedido de revogação da medida e nós tomamos a iniciativa também de baixar uma portaria interministerial. Aguardamos para os próximos dias a revogação da medida para que se estabeleça a publicação da lista”, explicou o ministro.

Para Dias, a publicação vai de encontro a Lei de Acesso a Informação e com o que a legislação determina, “é a transparência de ações e decisões tomadas dentro da lei com o direito da ampla defesa e do contraditório, para que não paire qualquer dúvida sobre as ações do Grupo Móvel e da Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT)”.

Trabalho análogo ao escravo – O trabalho em condições análogas às de escravo ainda é, no Brasil, uma realidade. A despeito da abolição da forma tradicional de trabalho que ocorreu em 13 de maio de 1888, é fato que essa categoria sobreviveu sob novos formatos, onde o trabalhador não é mais uma coisa ou um objeto do direito de propriedade de outrem. E, talvez por isso, o trabalho escravo contemporâneo seja ainda mais aviltante à dignidade humana.

Ano N.º Operações N.º de estabelecimentos inspecionados Trabalhadores Resgatados Pagamento de Indenização AI Lavrados
2015 30 55 419 388.477,33 621
2014 170 284 1.674 5.876.334,66 3.882
2013 185 313 2.808 8.283.172,86 4.388
2012 141 259 2.771 9.676.387,36 3.753
2011 170 344 2.495 6.159.707,42 4.493
2010 142 310 2.634 8.786.424,89 3.976
2009 156 350 3.769 5.908.897,07 4.535
2008 158 301 5.016 9.011.762,84 4.892
2007 116 206 5.999 9.914.276,59 3.139
2006 109 209 3.417 6.299.650,53 2.772
2005 85 189 4.348 7.820.211,26 2.286
2004 72 276 2.887 4.905.613,13 2.465
2003 67 188 5.223 6.085.918,49 1.433
2002 30 85 2.285 2.084.406,41 621
2001 29 149 1.305 957.936,46 796
2000 25 88 516 472.849,69 522
1999 19 56 725 ND 411
1998 17 47 159 ND 282
1997 20 95 394 ND 796
1996 26 219 425 ND 1.751
1995 11 77 84 ND 906
TOTAL 1785 4.100 49.353 92.632.026,99 48.720
ND - Não disponível  (Dados não computados a época)
Atualizado em 06/05/2015
Fonte: Relatórios Específicos de Fiscalização Para Erradicação do Trabalho Escravo


Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego