Proporção de grandes empresas é maior no Norte do País do que no Sul


16 fev 2016 - Contabilidade / Societário

Banco de Dados Legisweb

Diferença entre cidades tem relação com o perfil de mercado de cada região; em Manaus, os negócios entre empresas têm mais oportunidades, enquanto inovação está no interior de S. Paulo

São Paulo - Pesquisa da Endeavor mostra que a proporção de grandes empresas em relação às pequenas é maior em cidades do Norte e do Nordeste do que no Sul e no Sudeste. A informação é do Índice de Cidades Empreendedoras de 2015 publicado pela instituição.

Em Manaus, por exemplo, a participação das grandes no total dos negócios locais é de 27,79%. Logo em seguida, com as maiores proporções, estão os municípios de Belém (26,33%), São Luís (25,28%), Teresina (22,67%) e Aracaju (22,23%).

Já nas cidades do Sul e do Sudeste, essa relação é menor, como em Maringá (14,28%), Londrina (15,64%), Ribeirão Preto (16,37%), Caxias do Sul (17,47%) e São José dos Campos (18,82%).

Os polos econômicos do País, por sua vez, possuem proporções intermediárias - Rio de Janeiro (21,18%) e São Paulo (19,87%) - assim como municípios do Centro-Oeste - Campo Grande (19,66%) e Cuiabá (19,47%).

João Melhado, gerente de pesquisa e mobilização da Endeavor, explica que esses dados não significam que o empreendedorismo é mais ou menos desenvolvido em uma cidade do que na outra. "Na verdade, a pesquisa ajuda o pequeno negócio a encontrar o seu melhor mercado. O empreendedor que pretende abrir, ou que já tem, um negócio B2B [de empresa para empresa] certamente encontrará, com mais facilidades, clientes em cidades como Manaus, por exemplo, onde há um grande números de grandes empresas por conta da Zona Franca", diz.

"Manaus, por outro lado, tem uma população com renda mais baixa, o que dificulta o negócio voltado direto ao consumidor", acrescenta.

O Produto Interno Bruto (PIB) per capita de Manaus é de R$ 26,7, enquanto em Vitória, por exemplo, o indicador chega a R$ 86,0, o maior da sondagem da Endeavor, precedido pelas cidades de Brasília (R$ 64,6), São Paulo (R$ 43,8), São José dos Campos (R$ 43,6) e Campinas (R$ 38,9).

Já os municípios com o menor PIB per capita são Maceió (R$ 14,3), Teresina (R$ 14,5), Belém (R$ 14,5), Salvador (R$ 14,7) e João Pessoa (R$ 15,1).

Inovação

Já quem procura mão de obra inovadora, cidades como Campinas e São José dos Campos, no Estado de São Paulo, são ideais, já que possuem importantes centros tecnológicos. "São José dos Campos, por exemplo, é o centro do setor aeronáutico. Há o Instituto Tecnológico de Aeronáutica [ITA], por exemplo. De lá, tem saído pequenas empresas para abastecer", conta José Eduardo Balian, coordenador da incubadora de negócios da ESPM.

Rafael S. Mingone, sócio-diretor da empresa de soluções em governança corporativa RMG Capital, chama atenção para a economia pujante existente nas em cidades pequenas. Ao relembrar dados do Global Entrepreneurship Monitor (GEM), ele diz que cerca de 60% das pequenas empresas que crescem acima de 20% ao ano no Brasil estão concentradas em cidades com até 500 mil habitantes. "Há boas ideias fora do eixo econômico. Em cidades menores, os empreendedores conhecem bem a região e sabem oferecer o melhor serviço", diz Mingone.

Melhado cita ainda um outro exemplo de mercado para os empresários que querem encontrar mão de obra qualificada com custos menores do que em São Paulo, como a cidade de Florianópolis, em Santa Catarina. O município aparece em primeiro lugar no Índice de Acesso e Qualidade da Mão de Obra Qualificada da pesquisa da Endeavor.

Além disso, enquanto o custo médio salarial de um dirigente na cidade do Sul é de R$ 4.502 mil, em São Paulo, esse custo é de R$ 9.432 mil.

Acesso a capital

Mingone destaca ainda que o acesso a capital é fundamental para desenvolver o empreendedorismo no Brasil. "Ainda há um desconhecimento muito grande em torno do acesso a capital. Muitos empreendedores ainda tomam empréstimos somente em bancos. Isso é bom para o curto prazo. Porém, para desenvolver a empresa no longo prazo, é preciso começar a pensar mais em fundos de investimentos como private equity e venture capital", finaliza Mingone.


Fonte: DCI - SP