12 mai 2010 - IR / Contribuições
Ao contrário do que se imagina, a recessão mundial fez com que caíssem os índices de pirataria de software no mundo, inclusive no Brasil.
Em 2009, a comercialização de programas de computador não licenciados movimentou US$ 51,4 bilhões, uma queda de 3% em relação ao ano anterior.
É o que revela uma pesquisa feita pelo IDC (International Data Corporation) para a BSA, um dos maiores grupos internacionais de TI (tecnologia da informação) do mundo.
Mesmo assim, na média, a participação dos piratas no total teve alta de dois pontos percentuais, passando de 41%, em 2008, para 43% em 2009. O índice reflete a participação do "mercado cinza" em relação às vendas do varejo oficial.
Segundo os especialistas, em tempos de crise econômica é comum ocorrer aumento do uso de softwares piratas. Isso porque tanto consumidores quanto empresas deixam de investir na compra de versões atualizadas e oficiais.
A tendência se confirmou em alguns países, mas foi compensada pelo crescimento de venda de computadores em países em desenvolvimento. Essas máquinas saem da loja com software original instalado.
Somente em 2009, o grupo de nações em desenvolvimento foi responsável por 86% do crescimento das vendas de PCs no mundo. Esses países compraram 8,4 milhões de unidades. Desse total, Brasil, China e Índia adquiriram 7,6 milhões.
Outro fator importante foi a ação de países para coibir a venda de piratas. A iniciativa mais recente é o Acta (acordo comercial antipirataria, na sigla em inglês), que propõe barreiras comerciais duras e sanções contra países em defesa da propriedade intelectual.
Brasil formal
"No Brasil, a rápida recuperação econômica evitou o impacto na oferta de crédito nas redes varejistas, e isso ajudou no aquecimento das vendas formais e na redução da taxa de pirataria", diz Frank Caramuru, diretor-geral da BSA.
A diferença de preço de máquinas de procedência duvidosa caiu em relação ao varejo tradicional. "Os consumidores passaram a preferir comprar em locais que oferecem garantia e ainda parcelam as compras", diz Caramuru.
Resultado: entre 2008 e 2009, a taxa de pirataria no Brasil passou de 58% para 56%. Em cinco anos, a queda foi de oito pontos percentuais.
Apesar disso, as perdas em valores comerciais sofreram alta. Estima-se que o varejo oficial deixou de vender US$ 2,2 bilhões em 2009, contra US$ 1,6 bilhão em 2008.
Para chegar a esses valores, o IDC pesquisa trimestralmente a base instalada de computadores de 105 países e a quantidade de softwares instalados. Para o levantamento da BSA, seis outros países foram incluídos.
A taxa de pirataria foi definida dividindo a quantidade de programas sem licença pelo total instalado em todos os computadores de cada país.
O universo de softwares piratas foi obtido subtraindo do total de softwares instalados a quantidade que foi paga (dado fornecido pelos fabricantes de programas de computador).
Fonte: Folha de S.Paulo