4 out 2016 - Contabilidade / Societário
Estudo realizado pela Fenacon e a Receita Federal aponta o uso de 600 horas por ano e contrapõe resultado do Banco Mundial que indica necessidade de 2,6 mil horas/ano para pagamento de tributos
As empresas brasileiras estão gastando menos tempo com o cálculo e o pagamento de impostos e com o envio de informações fiscais ao governo. Resultado da informatização e da modernização de processos, a mudança de comportamento permite que o empresário se preocupe mais com o planejamento estratégico e, consequentemente, obtenha melhores resultados. Segundo a pesquisa desenvolvida pela Federação Nacional das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas (Fenacon) em parceria com a Receita Federal do Brasil (RFB), as companhias gastam um tempo mediano de 586,4 horas por ano para cumprir essas obrigações. O resultado contrapõe a pesquisa “Doing Business”, realizada pelo Banco Mundial, que aponta a necessidade de 2,6 mil horas/ano.
Com a mesma metodologia e amostragem, o projeto surgiu para atualizar os números e, com isso, aumentar a confiança de investidores internacionais, explica o diretor de educação e cultura da Fenacon, Hélio Donin Júnior. “O tempo gasto com o cumprimento de obrigações fiscais influencia a entrada de capital estrangeiro porque apresenta um panorama do custo de manutenção de uma empresa no Brasil. A pesquisa do Banco Mundial estava defasada e passava a visão errada sobre a estrutura tributária do país”, justifica.
Para o presidente da Fenacon, Mario Berti, a redução das horas é resultado da relação entre as empresas e o fisco, que evoluiu muito ao longo da última década, em especial após a implementação da nota fiscal eletrônica e do Sistema Público de Escrituração Digital (Sped). “Há 10 anos, todos os dados eram preenchidos a mão. Hoje, as informações são inseridas diariamente no sistema, o que permite a geração de relatórios consolidados e facilita a transmissão para os órgãos responsáveis”. Segundo Berti, o eSocial também deve contribuir para redução do tempo.
Metodologia
Cinco escritórios de contabilidade filiados à Fenacon que atuam no Rio de Janeiro e em São Paulo participaram da pesquisa. O experimento calculou quanto tempo um fabricante de vasos de cerâmica gastaria para cumprir as obrigações fiscais tendo 60 funcionários registrados em diversas situações – trabalhando, em férias, em licenças maternidade ou médica, por exemplo –, relógio ponto mecânico e sem admissões ou desligamentos no mês analisado.
O estudo mostrou que ICMS, IPI e contribuições demandam maior esforço, com emprego mediano de 373,2 horas por ano. Somando ao tempo mediano usado para contabilidade, IRPJ e CSLL (116 horas/ano) e para a folha de pagamento (97,2 horas/ano), o gasto atual chega a 586,4 horas por ano – quatro vezes menos do que o indicado pelo Banco Mundial.
Resultado – Tempo gasto com obrigações fiscais
Fonte: Contabilidade na TV