4 ago 2017 - Comércio Exterior
A indústria de veículos do Brasil voltou ampliar exportações em julho na comparação anual, renovando recorde de vendas externas no acumulado do ano em meio a um impulso de vendas pela América Latina que está ajudando a minimizar um mercado interno que se recupera em marcha lenta de quatro anos de quedas.
As exportações da indústria cresceram 42,5 por cento sobre julho do ano passado, para 65.722 carros, comerciais leves, caminhões e ônibus. O acumulado dos primeiros sete meses do ano foi recorde histórico para o período, com exportações de 439.586 unidades, crescimento de 55,3 por cento na comparação anual.
"Foi o melhor acumulado de exportações da história e caminhamos para termos recorde no ano", disse o presidente da associação de montadoras de veículos, Anfavea, Antonio Megale, em entrevista a jornalistas, acrescentando que os maiores mercados foram Argentina, México, Chile, Uruguai e Colômbia.
O recorde anterior de vendas externas de janeiro a julho foi cravado há 12 anos, quando o setor exportou um total de 420 mil veículos no acumulado dos primeiros sete meses de 2005.
As exportações ajudaram a puxar a produção do setor, que subiu 5,9 por cento ante junho, para 224,8 mil unidades. Na comparação com julho do ano passado, a alta foi de 17,9 por cento. No acumulado do ano, a produção somou 1,488 milhão de unidades, alta de 22,4 por cento sobre o mesmo período de 2016, ficando próxima do recorde para o período ocorrido em 2015, a 1,514 milhão de veículos.
Já a venda de veículos novos no Brasil caiu 5,2 por cento em julho ante junho, para 184,8 mil unidades, mas na comparação ano a ano subiu 1,9 por cento. No ano, a venda acumulada chega a 1,204 milhão de unidades, alta de 3,4 por cento.
"A gente esperava vendas melhores em julho, que costuma ser um mês forte para o setor, mas o cenário político criou incertezas. Esperamos que agosto seja melhor agora que as importantes decisões políticas já foram tomadas", disse Megale.
"Se as vendas não mostrarem um sinal mais positivo em agosto a gente pode ficar um pouco mais preocupado...Os primeiros dias de agosto estão mostrando até agora bons números de vendas", acrescentou o presidente da Anfavea.
A entidade decidiu manter suas estimativas de crescimento de vendas de 4 por cento em 2017, para 2,133 milhões de veículos, disse o presidente da Anfavea, acrescentando, porém, que em setembro a entidade deverá ajustar a estimativa. Segundo Megale, o viés para caminhões e ônibus é de corte nas estimativas e no caso de veículos leves a perspectiva é de elevação.
No acumulado do ano até julho, a participação das importações no total de vendas do mercado brasileiro foi de 11 por cento, e Megale avaliou que o índice deverá passar a subir a partir do início do próximo ano, quando termina o programa Inovar Auto, que elevou em 30 pontos percentuais o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) do setor. A vigência do programa se encerra no fim deste ano e a partir de janeiro veículos importados não mais pagarão a sobretaxa.
"A participação dos importados voltará a subir, para pelo menos a faixa dos 15 por cento. Isso deve ocorrer gradualmente", disse Megale. "É importante que o país não seja fechado e tenha acesso a produtos importados, especialmente aqueles produtos com nível tecnológico maior", acrescentou.
Fonte: DCI