22 jul 2010 - IR / Contribuições
Textos emocionantes e histórias fantásticas constituem o universo dos hoaxes na internet. Deve-se ficar atento quando as mensagens vêm acompanhadas de anexos com vírus e trojans
“Enquanto lê essa matéria saiba que o fim do 13º salário foi aprovado na Câmara dos Deputados e encaminhado para o Senado, inclusive os deputados federais estão reunidos também para acabar com a licença de férias, pagas em 10 vezes.” Esse primeiro trecho, com todos os seus erros, não passa de mais um boato virtual espalhado pela internet. A quantidade de notícias fantasiosas é tão grande que ganharam nome: são os hoaxes, palavra que significa farsa, em português. Além de notícias ligadas a política, os boatos também incluem histórias de crianças ou adultos que irão receber doações a cada e-mail que for repassado.
Mensurar quantos hoaxes circulam na internet é uma tarefa impossível, pois nem sempre podem ser classificados como spams, já que amigos e familiares podem ser os remetentes das mensagens. De acordo com a Symantec, em relatório divulgado em junho, 89,8% de todos os e-mails eram indesejados. Sobra, portanto, 10,2% de e-mails úteis — no qual também podem ser incluídos os hoaxes.
Os boatos permanecem na rede em um eterno círculo vicioso. Para ser ter uma ideia, desde 1996 circula o e-mail de uma mulher que comeu um biscoito em um famoso café dos Estados Unidos e, na hora de pagar, o atendente errou o valor e debitou US$ 250. Como vingança, ela pediu a receita ao dono do lugar e decidiu espalhar de graça pela internet. A receita pode ser encontrada com os mais diversos ingredientes, além de não possuir informações sobre quem realmente fez o biscoito. Outro hoax que circula desde os anos 1990 é que, se enviar um e-mail para uma pessoa da Nokia, o usuário receberia de graça um aparelho em casa. “Imagine quantas mensagens esse funcionário não recebeu até hoje com pedidos de celulares. Isso pode ser prejudicial a ele”, afirma Fábio Assolini, analista de vírus da Kaspersky Lab no Brasil.
De acordo com o site do Cômite Gestor da Internet no Brasil, os hoaxes utilizam uma engenharia social e apelam para que o usuário os envie para todos os seus conhecidos ou para todas as pessoas “especiais”. A página ainda atenta para um fator especial que aumenta a distribuição dos boatos na internet: a grande quantidade de novos usuários da rede. “Os novatos são vítimas muito fáceis desses boatos na internet porque eles acreditam facilmente e passam a informação para frente”, explica Assolini.
O mais recente hoax foi criado por brasileiros. O Cala Boca Galvão passou de trending topics do Twitter a campanha para salvar aves em extinção no Brasil. O alvo do boato foram estrangeiros que perguntavam no microblog o que significava a frase. O movimento gerou um outro boato. Vários veículos de comunicação noticiaram que Bart Simpson — do desenho animado Os Simpsons — escreveria a frase “não irei mais tuítar Cala Boca Galvão” na cena de abertura da animação. Imagens manipuladas percorreram a internet, mas tudo não passava de uma invenção.
Outros sites famosos também já sofreram com hoaxes. O Wikipedia é um deles. No fim de 2008, uma edição feita na enciclopédia virtual dava como morta a atriz Miley Cyrus, protagonista do seriado juvenil Hannah Montana,após um acidente de carro. “As mais comuns são o fim de um serviço popular ou mensagens de acidentes. É um pouco difícil para o usuário saber que é falso. Eles devem ir atrás de informações na própria internet”, salienta Assolini.
O perigo dos hoaxes é quando eles vêm por e-mail. Geralmente, o texto é acompanhado por um arquivo de apresentação de slides ou vídeo que estão disfarçados de vírus. “O que pode ser perigoso é o uso malicioso desses boatos. Um exemplo é a mensagem que circula dizendo que o MSN passará a ser pago. O que registramos foi que a mensagem apresenta um link que, na verdade, é um cavalo de troia. Geralmente esses golpes são por e-mail”, explica Assolini.
Lendas urbanas
Algumas invenções populares acabam tomando grandes proporções quando caem na web. O nome Sandra Quarrirah ficou conhecido como vítima do flanelinha que borrifava ácido no rosto de pessoas. Uma corrente de e-mails alardeava para que amigos e parentes não abrissem o vidro do carro e não dessem esmolas. De acordo com o texto, a personagem do trágico evento teve que passar por diversas cirurgias plásticas para ter o rosto de volta. A pobre Sandra é protagonista dessa história — que circula até hoje — desde 2007. A farsa é descoberta com apenas uma pesquisa na rede, na qual é possível ler o mesmo texto com variações de região e tipo de ácido borrifado.
Quando o assunto envolve alimentos, as lendas parecem ser surreais. O boato mais recente é que a ingestão de vitamina C e camarão pode levar a morte por envenenamento do composto químico arsênico. Diz o e-mail: “Pesquisadores da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, descobriram que alimentos como camarão contêm alta concentração de compostos de 5-potássio-arsênico.Tais alimentos frescos, por si só, não são tóxicos para o corpo humano! Entretanto, ao ingerir a Vitamina C, devido a uma reação química, o composto converte-se em trióxido de arsênio, que é popularmente conhecido como arsênico!”. Não há nenhum dado na Universidade de Chicago que comprove tal experiência e também é fácil encontrar profissionais que refutam a informação.
Os boatos podem ficar perigosos quando envolvem a saúde pública. Na época da campanha de vacinação contra o vírus H1N1, conhecido como gripe suína, um e-mail circulava alertando para o perigos das substâncias que compõem a vacina. A mensagem dizia que o composto possuía altas doses de mercúrio. O Ministério da Saúde logo soltou um comunicado a população —ainda disponível no site — alertando para o falso e-mail. “Uma mentira quando é muito falada acaba virando verdade. E, a partir do momento que isso acontece, o boato acaba sendo prejudicial para todos”, alerta Assolini.
Reconheça um hoax
» Utiliza linguagem técnica
» Faz referência a uma empresa ou organização conhecida
» Alerta para consequências drásticas se não realizar determinada ação
» Afirma não se tratar de um boato
» Apela para reenviar o e-mail para todos os seus amigos
» Contém instruções para proteger o seu computador de determinado vírus que não pode ser detectado pelo antivírus
» Apresenta erros ortográficos e gramaticais
Fonte: Microsoft
Fonte: Correio Braziliense – DF